quinta-feira, 16 de julho de 2009

Nova passagem pelos Alpes ...





Este inicio de verão foi … longo ! Em Junho viajei para a Suiça e passei na região de Auvergne (centro de França). Aí encontrei um ‘concentrado’ de vulcões - mais de 80! Uma cadeia de vulcões única na Europa, com crateras e abóbodas pouco erodidas, conservando as suas formas originais. O Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne, uma área de 395.000 hectares, com 670km de caminhos balizados, concentra nascentes, lagos (como o Lastioulles ou o Pavin, este com 800 metros de diâmetro e 92 de profundidade, também ele a cratera de um antigo vulcão), aldeias tipicas ou castelos …. No centro deste parque, ergue-se o mais elevado vulcão – o Puy de Sancy (1.886m), um strato-vulcão com 1,2 milhões de anos. A cadeia de Puys, onde sobressai o Dôme, é de formação muito mais recente (entre 100.000 e 7.000 anos).
Numa tarde de céu limpo não resisti a subir a 3 deles (mais fotos em http://www.facebook.com/album.php?aid=130398&id=613684777&l=09b75cbe22) : o Montchal (1.411m), o Puy Dôme (1.465m) e Pariou (1.209m). Com estas subidas de pouco mais de uma hora cada, mantive-me em forma para o que se seguia (a viagem Ice Care) e elevei para 15 o número de cumes de vulcões visitados (incluem o Kilimanjaro, os Capelinhos e o Pico, nos Açores, Fira, na Grécia, ou Kilauea no Hawai).
Entre 19 e 27 de Junho de 2009, percorri 641km em bicicleta, de Paris a Lauterbrunnen (Suiça) e andei 13 horas e meia para atravessar o glaciar Aletsch (ver http://icecare.blogs.sapo.pt/) .
Depois de percorrer 54 km em bicicleta até Berna para aí tomar o TGV até à Gare de Lyon, percorri mais 9 km pelas ruas de Paris para chegar ao Hotel. No dia 19, eu e o ZM pedalámos em volta dos mais simbólicos monumentos da Cidade Luz, antes de reunir com responsáveis dos Sitios Naturais Património da Humanidade, na UNESCO. Após esse encontro, partimos nas bicicletas para 5 dias e meio a pedalar. Depois de duas das noites mais bem dormidas passadas ao relento e de um jantar de esparguete oferecido em Berna, chegámos a Lauterbrunnen (dia 24). Às 6 da manhã de dia 25 já subiamos ao Jungfraujoch para descer e atravessar o mais longo glaciar da Europa – o Aletsch, com 23 km de extenção. O guia, Herb, conduziu-nos por entre as fendas do glaciar (ainda enfiei duas vezes uma perna nas crevasses) e contou-nos interessantes histórias. Recolhemos dados, fizemos fotografias, medimos as coordenadas de pontos do glaciar e constatámos a sua redução em altura: - 30 metros desde 1965 !!! No dia 26 descemos da montanha para Fiesch (em Wallis) e reunimos com um representante da WWF, em Brig. Ao final do dia chegávamos de novo a Lauterbrunnen, exaustos, para fazer um balanço e comemorar o resultado da primeira expedição Ice Care …
Aproveitando a embalagem daquelas travessias, prolonguei a minha estadia na Suiça para ascender ao cume mais alto do Liechtenstein – o Grauspitze, a 2.599m – que me escapara anteriormente por mau tempo. Após umas 9 horas a caminhar pelas montanhas dos Alpes Rätikon (os que separam Suiça e Liechtenstein) fiquei sem água, e fui surpreendido no cume do Falknis (2.560m) por uma estrondosa trovoada. Mas dessa água eu não queria beber … Era hora de apressar a descida ! Recordo que tenho a intenção de subir ao cume mais elevado de cada país da Europa Ocidental, acima dos 2.000 metros (faltam-me poucos …).
Dias mais tarde, sentindo que tinha que aproveitar para tentar mais algum cume, observei as previsões metereológicas e decidi-me por Zermatt. O Triglav esloveno ficava a 600 km e não havia pachorra para conduzir duas vezes essa distância no meu boguinhas que já tinha denunciado problemas de aquecimento ao cruzar os Pirinéus … Era o momento do Matterhorn - a montanha do chocolate Toblerone ! Mas esta não é uma montanha dôce, pelo contrário ! É um monstro de pedra stressante, que exige concentração permanente e não perdoa descuidos (mais fotos em http://www.facebook.com/album.php?aid=129735&id=613684777&l=43a3342568). Nesse dia morreu um guia de montanha no Monte Rosa, ali em frente … Cometi o mesmo erro que no Eiger: saí a más horas e cansei-me demasiado para chegar ao verdadero ponto de partida. Depois, era tarde … A prudência e a pressa de regressar, aconselhavam a descer. Fiquei-me pelos 4.000 metros …

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