sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Regresso aos Alpes
Enquanto aguardo a publicação do meu livro “Aventura ao Máximo – os novos exploradores lusos”, prometido para Novembro (ver http://aventuraaomaximo.blogspot.com), e uma vez suspenso o projecto “7 Summits” (quando faltam 3 cumes), por desacordo com, e falta de credibilidade de alguns dos envolvidos, virei-me para o meu próprio projecto ‘Cumes da Europa’, com o qual pretendo subir ao cume mais alto de cada país da Europa. Entretanto, tambem o projecto Ice Care registou assinaláveis evoluções, com a adesão de apoios institucionais e pessois, como é o caso do músico Tiago Bettencourt. Esta seta apontada à consciência das pessoas para o desaparecimento dos glaciares devido às alterações climáticas, visa começar com uma visita ao Kilimanjaro, prevista para Maio de 2009, ao que se seguirão outros glaciares em perigo, definidos por documento da UNESCO (ver http://icecare.blogspot.com).
Fui direito aos Alpes, levando na manga o plano de chegar ao cume mais alto da Itália, do Liechtenstein e da Eslovénia, alêm de outros cumes que, não sendo os mais elevados, são simbolos representativos dos Alpes (exemplos: o Eiger e o Piz Buin, na Suiça). Comecei por abordar a face sul do Mont Blanc, mas as recentes nevadas, a dificuldade e pouca utilização das vias, desaconselharam-me a prosseguir em solitário. Fui então para Pont, onde iniciei a ascenção do Gran Paradiso (4.061m), a montanha exclusivamente italiana mais elevada do país. O bom tempo permitiu-me um excelente cume, que descrevi da seguinte maneira: “uma aproximação fácil e um cume dificil, que se transformam numa aproximação dificil com um cume fácil …”. Eu explico: a aproximação é efectivamente fácil, mas acaba por se tornar longa … Os ultimos metros do cume exigem extremo cuidado e podem criar apreensão, mas acabam por se tornar fáceis de ultrapassar.
Depois, atravessei o tunel do Monte Branco para o lado Francês, para tentar esse cume e a aresta italiana de Courmayeur. Esta corresponde efectivamente ao ponto mais alto de Itália, mas não é um cume e sim uma aresta. No entanto, há quem a considere ‘o cume’ de Itália. Em 4 horas de subida cheguei ao refugio Gôuter, a 3.718m, mas os ventos de mais de 70km/h e a má visibilidade não auguravam boas perspectivas para a madrugada seguinte … E assim foi ! Tive que descer a Chamonix e, para tentar ganhar tempo, fui para Interlaken (Suiça), espreitar o Eiger (3.790m). O mau tempo tinha chegado ali tambem e ía permanecer pelos próximos 3 dias … Continuei, então, até ao Liechtenstein, o mais pequeno ‘país’ da Europa, com um território de apenas 160 km2 e 33.000 habitantes, mas que apresenta uma rede de 400 km de caminhos pedestres … O seu cume, o Grauspitze, com 2.600 m, manteve-se escondido entre nuvens e chuva, não me permitindo visitá-lo. Esperei 3 dias por ele, com temperaturas que desceram aos 6º. Fartei-me ! Já só me sobravam poucos dias e ouvi na rádio que estava soleado no sul dos Alpes. Lá fui de novo ver o que se passava com o Monte Branco. Efectivamente, o tempo prometia uma aberta de 2 dias. Aproveitei! Subi com esquis para tentar uma descida diferente, mas o excesso de peso e a perspectiva de algum gêlo, levou-me a decidir deixar este material a meio caminho. Bastante frio lá em cima e um vento cortante até … ao magnifico nascer do sol a 4.800 metros !!! Evitando as gretas, desci até à aresta de Courmayeur, coberta de neve. Recolhi uma amostra de rocha para a minha colecção, deixei as unicas pegadas na neve e voltei a subir ao Mont Blanc para descer, em 2 horas, ao refugio, e daqui para baixo após curta pausa. Tinham-se passado 12 dias desde que saíra de Lisboa. Nem pensar em chegar à Eslovénia (já tinha percorrido uns 3.000 km) … O Monte Branco já me tinha escapado por duas vezes, anteriormente, assim, nesta viagem contentei-me com os 3 cumes, de 6 possiveis em plano! Os próximos cumes talvez sejam o Monte Olimpo, na Grécia, e o Moussala, na Bulgária, ambos com altitudes próximas aos 2.900 metros … Até lá !
Eis uma pequena estatistica relativa aos meus ‘Cumes da Europa’: se considerar altitudes superiores a 2.800 metros, então dos 12 cumes existentes faltam-me 4, sendo 3 deles no Leste europeu. Se considerar a Europa Ocidental e altitudes mínimas de 1.000 metros, então, dos 17 cumes existentes faltam-me 8 (todos inferiores a 2.600m). Até ao momento, para o cume mais alto dos 9 países a que ascendi, investi 17 dias na montanha e cerca de 39 dias em viagem. A soma dos desniveis destes 9 cumes efectivamente subidos, totaliza 18.042m, enquanto a soma das altitudes dos mesmos cumes totaliza 34.916 metros. Das mais de 40 montanhas com mais de 1.000m a que subi pelo mundo, 11 têm mais 3.500 metros, 11 são vulcões, 14 correspondem ao cume mais elevado do seu país (9 na Europa, 8 superiores a 2.500m) e 4 são os mais elevados do respectivo continente. O desnivel positivo acumulado destas ascenções totaliza 66.070 metros.
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2 comentários:
Parabéns Zé Tavares pelas tuas aventuras.
O importante não é chegar aos cumes, mas sim o caminho e a filosofia de aventureiro.
Vou esperar pelo teu livro, pois adoro relatos de aventuras
um abraço
Vitor Milheiro
Parabéns Zé!!!!
Há muito tempo que não sabia nada de ti, e gostei de saber que estás mais aventureiro do que nunca.
Quando estiveres por cá dá uma apitadela para combinarmos uma escalada e para contares sobre essas tuas aventuras que também espero poder ler no teu livro.
Ricardo Vitorino
917663248
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